Julho ia acabando, e com ele as férias do colégio. Não aguentava mais ficar em casa, já havia lido todos os livros que tinha na estante, e os desenhos da tv não o agradavam tanto quanto antigamente. Mas o que mais lhe causava aquela sensação era o início do curso de teatro. Desde que começara o ensino médio queria entrar na turma do professor Laerte, mas sempre faltavam vagas. E agora ele faria a audição. Estava determinado ser aceito.
Não que ele tivesse qualquer pretensão. Ser ator nunca foi o desejo dele. O que queria mesmo era sentir o gosto de estar no palco e não na platéia.
Ali, no camarote, enquanto aguardava ser chamado, lhe entregaram um texto. Deveria interpretá-lo para o examinador. Olhou rapidamente. Uma passagem de Pedro Malasarte. Isso caíra como uma luva. Conhecia o conto por completo.
Ouviu seu nome. Era a hora de começar o espetáculo.
- Então, rapaz. Aqui na sua ficha, diz que você já veio aqui outras vezes. Por que deseja entrar?
- Porque eu gosto do palco, professor.
- Gosta do palco? Sim, todos gostam. Ser o centro das atenções é o que a maioria quer.
- Não senhor. Não quero ser o centro de atenção alguma. Na verdade, gostaria de ser invisível, às vezes.
- Ora, e por que quer ser invisível no palco? Se é para ser assim continue na platéia.
- Talvez seja fácil ser invisível na platéia. Mas nem sempre as coisas fáceis são recompensadoras.
- Hum, então você quer ficar invisível no palco pelo desafio? Então vá buscar um curso de mágicas.
- É o que estou fazendo aqui. Que mágica seria mais interessante do que ser transportado para uma outra vida, numa outra realidade, em outros mundos? Quero sim ser invisível. Quero que a platéia olhe para mim e veja somente o personagem.
- Você parece ser um apaixonado. Pretende ser ator?
- Nunca.
- E o que quer?
- Você ainda não percebeu?
- Rapaz não vá além dos limites. Eu pergunto você responde. E você ainda não deixou claro o que veio fazer aqui.
- Estou aqui para aprender a encarnar situações ou pessoas.
- Acredito que você tenha recebido uma proposta de personagem. Consegue interpretá-lo?
- Não senhor.
- Como não? Você veio aqui para isso, não foi?
- Sim. Mas se eu fosse capaz de interpretá-lo, não iria procurar um curso de teatro.
- Ha!Ha!Ha! Bem pensado rapaz. Acho que isso foi ótimo. Vou te aprovar. Estou curioso para saber como você irá se desenvolver.
...
E foi assim que ele entrou para a turma de teatro. Aprendeu a interpretar papéis e contar histórias. Ao final do curso, o professor disse que talvez tivesse futuro nos palcos.
Mas ele sabia que havia um palco maior para ele. E em breve começaria sua cena.
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P.S.: eu sei que ninguém sentiu falta, mas semana passada não teve a edição semanal da coluna. Eu até poderia dar uma justificativa, mas se falasse alguma verdade por aqui, estaria contrariando tudo o que já construí e também duvido muito que alguém acreditaria. Então farei assim: façam hipóteses sobre por que não teve postagem semana passada. e aproveitamos para nos divertir com isso! Até um futuro próximo!
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P.S.: eu sei que ninguém sentiu falta, mas semana passada não teve a edição semanal da coluna. Eu até poderia dar uma justificativa, mas se falasse alguma verdade por aqui, estaria contrariando tudo o que já construí e também duvido muito que alguém acreditaria. Então farei assim: façam hipóteses sobre por que não teve postagem semana passada. e aproveitamos para nos divertir com isso! Até um futuro próximo!